16 julho 2008

Nós não somos Recursos!

A lista dos artigos mais interessantes que li este ano, com certeza inclui este, escrito pelo Mark Turansky no DZone. Segue abaixo a tradução do texto:

Nós não somos "Recursos!"

Recursos. É um termo de desumanização e também errado para praticamente qualquer profissão em que eu possa pensar.

Planejamento de projetos requer estimativas e prazos. Não tenho problema com isso exceto quando trata pessoas como peças substituíveis (nota: COGS). Num processo manufaturado, trabalhadores habilidosos podem ser substituíveis. [...] O processo pode ser perfeitamente trabalhado num número exato de passos para construir alguma coisa. Leia o Modo Toyota para ter uma melhor noção de como as indústrias globais alcançam isto.

Estes não são "Recursos!"

Mas há diversas profissões que não podem e não devem atingir este tipo de processo, onde trocar um recurso por outro não é sensível.

O Chicago Bulls contratou um "recurso de arremessar bem" ou eles tiveram o Michael Jordan?
A Apple estava bem quando tinha apenas um recurso "CEO" ou só melhoraram depois que Steve Jobs voltou ao cargo?
Você prefere ter um médico com 1 ano de experiência ainda na faculdade, para fazer a sua cirurgia no cérebro, ou prefere o especialista na área?
Você quer um recurso "Ator" ou teria o Brad Pitt maior poder de chamar atenção para seu filme?
Quando foi a última vez que você procurou uma construtora qualquer para reformar a sua casa, ao invés de chamar a melhor do mercado?
A Seleção Brasileira de Futebol ganhou 5 copas porque tinha o mínimo de jogadores necessários para formar um time, ou porque já teve na sua escalação Pelé, Falcão, Ronaldo, Ronaldinho e Romário?

Trabalhadores que precisam pensar e de criatividade, não são diferentes. Engenheiros de Software são simultaneamente criativos e lógicos, e há uma diferença em ordem de magnitude entre os bons programadores e os péssimos programadores (leia o Peopleware se você não acredita nisso). Graças a esta diferença, estimativas devem ser modificadas baseadas nestes "recursos", o que significa que não somos "cogs" substituíveis.

É o time, estúpido!

Você pode me escalar para ser o homem da terceira base do Yankees (deste modo, salvando dinheiro na balança Custo-Tempo-Qualidade), mas certamente tenho a qualidade de um produto que sofrerá devido ao fato de que joguei poucas ligas de baseball quando era criança. Similarmente, você pode me escalar para seu filme, mas não tenho certeza se ajudarei a vender bilhetes. Também não seria a pessoa ideal para dirigir a Apple, e com certeza você não iria me querer como seu cirurgião cerebral.

Talento importa.

Organizações vencedoras constróem times vencedores, eles não agendam recursos e eles não desfazem times vencedores. Elas pagam grandes valores para grandes profissionais sabendo totalmente que é talento que faz um time vencedor.

O livro Rapid Application Development de Steve McConnell, coloca no ranking o termo "Weak Personnel" (um fraco Recursos Humanos) como o segundo erro clássico que uma empresa pode cometer quando está construindo um software. [...]

Talento importa. Tratar desenvolvedores altamente qualificados como apenas "recursos", é humilhante, desumano, e ultimamente anti-produtivo para uma organização que precisa construir e manter times vencedores.

Artigos complementares
ICSE Peopleware Panel Session
Teamicide Revisited

Nota, por Bruno Borges:
Não basta o RH trocar uma palavra e achar que os profissionais se sentirão melhores. "Recurso", "colaborador" ou "funcionário" são sinônimos no contexto deste artigo.

[]'s

3 comentários:

Vitor Fernando Pamplona disse...

Não acho que somos recursos, mas ninguém é insubstituível. As pessoas passam a ser recursos quando não atingem o seu nível máximo de desempenho.

Só o talento, não importa. ;)

Um recurso não é uma pessoa. Um recurso é a experiência de uma pessoa + sua motivação atual e alguns outros detalhes. Desta forma, posso perfeitamente trocar um recurso por outro.

Já que você está comparando com futebol, o Internacional arrancou o mundial do Barça, que tinha muito mais estrelas no time.

Andrea Passos disse...

Olá Bruno,
Eu concordo plenamente com vc e com a tua indignaçào com as nomenclaturas.
Tanto acredito nisso que vc defende que acabo de abrir uma empresa para contratação de pessoas para empresas de tecnologia, onde o diferencial é a forma de contratar. No meu trabalho faço tudo de forma muito pessoal. A meu ver, como sou psicologa, e não qualquer outro profissional que trata a contratação como uma busca de "recursos" para sua empresa, defendo muito a estratégia de conhecer onde a pessoa vai trabalhar e busco qual o melhor "competencia" (se me permite usar uma nomenclatura) para aquela empresa.
Espero te conhecer para entender um pouco mais sobre as tuas competencias e te ajudar encontrar uma empresa que não trate gente como recurso pura e simplesmente.
Veja o site:
www.recrutech.com.br

marcospereira disse...

Se uma pessoa é insubstituível isso quer dizer que ela não pode tirar férias?

O que me vem a cabeça agora é: trate as pessoas como... pessoas, ora bolas. Trocar uma máquina, é mais simples do que trocar uma pessoa dentro do time e tem implicações menores. Então lide com as pessoas considerando todas as idiossincrasias presentes em lidar com pessoas. Eu gosto muito de como a Semco pensa:

"Nossas Pessoas
Evitamos usar os termos “funcionários”, “empregados”, “colaborador” e outros parecidos. Somos uma equipe inteira e só temos “pessoas”. É assim que chamamos a todos que trabalham conosco. Procure ao máximo não usar outros termos que são tão comuns, mas que não expressam igualdade."

Vitor, sobre futebol, uma partida só não é uma amostra muito grande para indicar qual dos dois times é melhor, é? Existe um nível de equilíbrio entre os dois times. A comparação no texto é justa porque provavelmente um time formado por mim, vc e o miojo provavelmente perderia fácil para um formado pelo Ronaldinho Gaúcho, Robinho e Kaká. Ele só quis enfatizar que talento importa.

valeuz...

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